Há dias estava num supermercado e na fila
para pagamento encontrava-me entre um indivíduo de meia-idade aparentemente
esfarrapado ou melhor com indumentária talvez de trabalho, de estatura baixa e
um casal de jovens, de pele escura. O homem não fazia a barba há pelo menos
duas semanas tinha bigode espesso com muitos mais dias por rapar e achei
curioso o facto das calças que usava e um casaco à caçador terem uma grande
quantidade de bolsos. Só nas calças, eram para aí uns 5 ou 6 em cada perna.
Reparei
também – quando estamos na fila dá para ver tudo porque as caixas de
atendimento são sempre bastante reduzidas e são longos minutos de espera para
sermos atendidos – que o sujeito apenas ia pagar uma caixa de cervejas que
estavam em promoção e uma garrafa de moscatel. No momento do pagamento depois
de saber quanto custavam as cervejas e o moscatel o homem começou a tirar as
moedas que tinha nos bolsos das calças e casaco… moedas de baixo custo e foi um
pandemónio porque cêntimo e mais cêntimo, euro e mais euro, nunca mais chegava
à conta devida e os bolsos iam ficando vazios, até que chegou ao último bolso,
pareceu-me e tirou mais uns quantos cêntimos, enquanto eu olhava para trás e
trocava olhares de surpresa com o jovem casal que me seguia na fila! Eu estava
mesmo a adivinhar que o dinheiro do homem não ia chegar para pagar as suas
cervejas e o moscatel e deduzi de imediato que iam faltar uns quantos cêntimos
e logo me preparei, modéstia à parte, para pegar na minha carteira e tirar uma
moeda de 1 ou 2 euros para ajudar o indivíduo que me parecia aflito enquanto
apalpava uns quantos bolsos da roupa à caçador que usava.
Os
jovens que estavam atrás de mim, também impacientes, aperceberam-se da minha
intenção e do meu movimento, mas de repente o sujeito meteu a mão num dos
bolsos que ainda não tinha sido rebuscado e sacou uma mão cheia de moedas de 2
euros!!
E
lá pagou a caixa de cervejas e a garrafa de moscatel, guardou o dinheiro que
lhe sobrou e abalou encantado da vida! Eu, humildemente guardei a minha
carteira e virando-me para trás comentei com o rapaz e a sua companheira que,
afinal, o tipo tinha mais dinheiro do que eu e eu estava disposto a ajudá-lo!
O
rapaz sorriu e disse-me: - Não faz mal, a intenção é que conta!
Mandrake Mágico
Não houve acção mas intenção , que afinal foi o que contou e pela positiva ... ! Venham de lá outros contos . Aquele abraço .
ResponderEliminarMuito bom, e o que é facto é que nem ficou a dever nem precisou de ajuda👍
ResponderEliminarHistória engraçada. E se for verdadeira é sinal de que em qualquer passagem da nossa vida quotidiana podemos extrair assunto para uma pequena narrativa. - ARCO-ÍRIS🌈
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