sábado, 25 de outubro de 2025

 UM FINAL IMPREVISTO

Hoje não resisti à tentação e roubei uma flor naquele jardim , cujo canteiro era junto de um edifício vizinho e, que ficava no meu caminho de casa .

O porteiro na porta do edifício , ainda dormitava face ao calor daquela tarde de Agosto , altura esta que eu aproveitei para roubar a flor .

Já há muito que eu a cobiçava e agora foi o momento de a ter como minha .

Trouxe-a de imediato para casa e coloquei-a num copo com água, para depois a plantar , no próximo fim de semana, no canteiro que tinha junto à janela do meu quarto .

Os dias passavam mas eu logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se para beber, e a flor não era para ser bebida.


Ainda antes de a plantar em local definitivo, passei a flor para um vaso, e notei que ela me agradecia, revelando entender o meu propósito . Quantas novidades haverá numa flor, se a contemplarmos bem.

Sendo autor do roubo, eu assumira a obrigação de conservá-la, como vinha fazendo. Renovava a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi mesmo pela sua vida. Não adiantava mais  restituí-la ao jardim, de onde viera . Nem apelar para um entendido em plantas. Eu a roubara, eu a via agora morrer.

Já bastante murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a com todos os cuidados e fui depositá-la no jardim onde a havia retirado, uns dias antes .

Acontece que desta vez o porteiro estava atento o e repreendeu-me:
– Que ideia a sua, vir deitar aqui lixo de sua casa neste jardim … !

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