segunda-feira, 21 de julho de 2025

   

A TESTEMUNHA

Olhou o corpo a seus pés. Inerte, caído no sangue que lhe saía do peito e ia alastrando no soalho. 

Na sua mão assassina repousava uma arma. A arma que disparara os projeteis fatais e que esperava uma nova atuação. Aguardava os movimentos da mão e do dedo que pousava no gatilho.

Pelas janelas, as cortinas que ocultavam os vidros impediam qualquer visibilidade do exterior. Para além da porta da sala, naquela casa, ele sabia que não havia mais ninguém. Dali, nada viria que o pudesse denunciar. Mas, dentro daquele compartimento, ele estava ciente de que não seria assim. Ele não ignorava que uns olhos o tinham visto disparar sobre o Ricardo. Sabia que este fora visto a cair, repentinamente, por efeito dos tiros. Mas, não seria por muito mais tempo que esse conhecimento também seria de outro. Dentro de momentos seria ele o único a saber quem cometera aquele crime.

Faltava menos de um minuto. Então o crime ficaria perfeito. Olhou a parede da sala e aguardou.

Foi levantando o braço direito com a arma na mão. Apontava para onde sabia que ele surgiria. Para onde faria os disparos. Eliminaria a única testemunha. Mais ninguém saberia que fora ele o assassino.

Estava quase. Cinco, quatro, três, dois, um.

Disparou dois tiros sobre a portinhola onde surgiu o pássaro.

Cucu! Cucu! Cu…..


  Paulo

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