A TESTEMUNHA
Olhou o corpo a seus pés. Inerte, caído
no sangue que lhe saía do peito e ia alastrando no soalho.
Pelas janelas, as cortinas que
ocultavam os vidros impediam qualquer visibilidade do exterior. Para além da
porta da sala, naquela casa, ele sabia que não havia mais ninguém. Dali, nada
viria que o pudesse denunciar. Mas, dentro daquele compartimento, ele estava
ciente de que não seria assim. Ele não ignorava que uns olhos o tinham visto
disparar sobre o Ricardo. Sabia que este fora visto a cair, repentinamente, por
efeito dos tiros. Mas, não seria por muito mais tempo que esse conhecimento
também seria de outro. Dentro de momentos seria ele o único a saber quem
cometera aquele crime.
Faltava menos de um minuto. Então o
crime ficaria perfeito. Olhou a parede da sala e aguardou.
Foi levantando o braço direito com a
arma na mão. Apontava para onde sabia que ele surgiria. Para onde faria os
disparos. Eliminaria a única testemunha. Mais ninguém saberia que fora ele o
assassino.
Estava quase. Cinco, quatro, três,
dois, um.
Disparou dois tiros sobre a portinhola
onde surgiu o pássaro.
Cucu! Cucu! Cu…..
Sem comentários:
Enviar um comentário