PROBLEMA :
Nos últimos dias desta semana, os telefones móvel e de rede fixa de Smaluco têm tocado insistentemente, sem que ninguém fale. Uns sussurros e algumas palavras impercetíveis de voz feminina é tudo quanto se ouve. Dir-se-ia que quem telefona conhece muito bem os hábitos do velho detetive, uma vez que entre as 15h00 e as 17h00, período de tempo que ele normalmente dedica a uma retemperadora sesta, aquelas chamadas de número anónimo fazem uma pausa. Mas o pior é que o nosso “herói” já nem quase consegue fazer a sua habitual sesta e só muito tarde adormece à noite, por causa daqueles misteriosos telefonemas. À medida que os dias passam, as insónias arruínam por completo as suas noites. Hoje eram quase três da manhã e não conseguia pregar olho.
De súbito, uma campainha soou. Levantou-se meio confuso, sem saber muito bem se aquele toque era do telemóvel ou do telefone fixo. Pegou primeiro num, depois no outro, e em nenhum obteve resposta. E a campainha continuava a tocar. Esfregou os olhos, pensando que estava a sonhar. Mas teve a certeza que não, quando passou a ouvir pancadas e gritos aflitivos, acompanhando a campainha que não parava de soar. Era lá fora, na porta de sua casa, que tudo acontecia! “Abre a porta! Abre a porta, por favor!” Apesar dos gritos lancinantes de súplica, o detetive Smaluco reconheceu aquela voz. Mas ele não queria acreditar, não lhe parecia possível. Quem tocava à campainha e batia com força à sua porta era Natália, Natália Vaz, a mulher da sua vida, a sua grande paixão.
Espreitou pelo ralo da porta e todas as eventuais dúvidas se desfizeram. Ali estava ela, desgrenhada, com um olho negro, marcas de dedos no pescoço, várias escoriações nos braços. Franqueada a entrada, Natália caiu-lhe nos braços em choro convulsivo, tremendo que nem varas verdes e balbuciando palavras impercetíveis. “Ele morreu!” – foi a única frase que Smaluco percebeu no meio de uma salgalhada de palavras entrecortadas por soluços misturados com lágrimas e baba. O velho detetive encaminhou-a até ao sofá, sentou-a e providenciou um copo de água na sua cozinha, que ela ingeriu quase de um trago. “Ele morreu! Ele morreu! Mataram-no! Mataram-no! Mataram-no!”
“Deixa-me ficar aqui esta noite, por favor” – pediu ela. Ele assentiu, mas com uma condição: saber primeiro o que tinha acontecido. Já mais calma, Natália fez, então, o relato dos acontecimentos: “Fomos jantar fora e no regresso a casa ele fez uma grande cena de ciúmes, por causa de um certo sujeito que, segundo ele, não tirava os olhos de mim, com sorrisos e trejeitos atrevidos. Disse-lhe que não dei por nada, mas insistiu que sim, que eu vi muito bem e que de certeza o conhecia. Depois de estacionar o carro, no jardim perto de casa, ele começou a bater-me, chamando-me nomes enquanto me apertava o pescoço. Um sujeito que passava ao longe começou aos gritos, a pedir que parasse de me fazer mal, mas ele nunca parou, estava louco. O homem aproximou-se um pouco mais e, de repente, conheceu-o e desatou aos gritos que nem um louco. ‘Ah, és tu, meu canalha?! Eu sabia que havia de encontrar-te. Vais pagar pelo que me fizeste passar’”.
Natália estremeceu, mergulhou num choro convulsivo e prosseguiu: “Foi então, que ele puxou de uma arma, e enquanto dizia ‘canalha, canalha, canalha’, o Mesquita, sentindo-se perdido, desatou a correr para se refugiar atrás de um murete que existe no jardim, mas não foi a tempo de se esconder. O homem, enquanto repetia ‘canalha, canalha, canalha’, disparou uma, duas vezes, fazendo-o cair no chão”. O choro voltou a interromper Natália, que, em lágrimas, acabaria por afirmar em desespero: “Estou perdida, ninguém vai acreditar em mim, todos os seus colegas vão acusar-me de autoria do crime”. Condoído com o relato, Smaluco tentou acalmá-la: “Vá, vá, agora tenta descansar. Eu amanhã telefono para o filho do Lopes e logo veremos o que hás de fazer”.
E foi isso que ele fez. Ainda não eram oito da manhã, quando ligou para o agente Ramiro, filho do seu ex-colega Lopes, e ficou a saber o que a PJ tinha apurado. Na sequência de um telefonema de um vizinho de Mesquita, que ouviu os tiros, um piquete deslocou-se de madrugada ao local do crime e encontrou a vítima caída de bruços no canteiro do jardim, perto de um murete. Fora alvejada duas vezes, uma no peito e outra no estômago, e terá morrido muito pouco depois. Smaluco acredita que Natália não tem de se preocupar, que apenas terá de prestar declarações e a vida seguirá como dantes, mas sem a violência de que tem sido vítima. E do lado da PJ, que procedimentos se esperam e que conclusões retirará deste crime de homicídio? O leitor, sempre atento, que nos diga...
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b - Entregando em mão ao orientador do Blogue LOCAL DO CRIME, onde quer que o encontrem ;
c - Via Messenger, Facebook, mensageiro instantâneo e aplicativo de Salvador Pereira dos Santos
d - Utilizando o Correio Normal ( CTT ) :
Luís Manuel Felizardo Rodrigues
Praceta Bartolomeu Constantino, 14, 2.º Esq.
FEIJÓ 2810 – 032 ALMADA.
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