sexta-feira, 7 de novembro de 2025

 

Trabalhando na baixa, sempre apanhei o autocarro numa paragem perto da minha casa , bastando para tal apenas atravessar um rua ali bem perto .

Tantos já são os dias que utilizo este trajecto que quase o faria de olhos vendados . As pessoas que diariamente viajam naquela hora da manhã já são quase como que família. Todos se conhecem e comentam entre si alguns desenlaces do seu dia a dia . Apenas o motorista esse muda constantemente que quase não sabemos já , quem é ou se foi a sua primeira vez naquela carreira .

Nesta paragem, a carreira 42 que parava perto do meu trabalho, era de uma assiduidade tal que por vez conseguia chegar com algum adiantamento pese embora já o imenso tráfego da manhã, mas nunca saia antes da hora da paragem . Era um acerto de toda a hora e que ganhara assim a confiança de todos aqueles que utilizavam aquela carreira nesse período da manhã .


Perante tudo isto, o que aconteceu naquele manhã foi de todo diferente de todas as outras manhãs . Num desses dias, quando me estava me aproximando da paragem do autocarro , reparei que ele estava parado e, deitado no chão, havia um homem com a cabeça e os braços em baixo do autocarro.

O meu primeiro pensamento , como não podia deixar de ser, foi: este homem se sentiu mal e caiu assim. Corri até ele e debrucei-me para tirá-lo dali, para que o autocarro não passasse por cima dele. Perante isto o homem se virou para mim com um rosto imperturbável e me perguntou o que eu queria. Eu: “Eu queria ajudar, achei que você estivesse se sentindo mal.” Ele: “Eu sou o motorista do autocarro e, estou tentando consertá-lo e agora você está-me arrastando pelo chão”. Envergonhado, afastei-me dali e fui apanhar outro autocarro .


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