Era
quase fim de turno quando chegou a ocorrência : Um grupo de traficantes estaria
escondido em uma casa na rua de Santa Marta. O número da casa, o 13. Juntaram
quatro viaturas na rua. Não havia casa 13 ! A rua era pequena, na verdade era
pouco mais larga do que um beco, não havia saída. Os guardas disseram ao
sargento que a denúncia era provavelmente falsa. Mas não, uma denúncia para ser
falsa precisava de mais certezas.
O
sargento, determinado, chamou seus subordinados para ensiná-los a encontrar uma
casa quando a numeração não existe. Casa a casa foi sendo observada
minuciosamente, a má iluminação da rua tentava anuviar as vistas do sargento,
mas era incapaz de driblar a sua determinação e seu poder investigativo.
“Aqui,
olhem ali, está meio apagado!” Todos ficaram surpresos com a perspicácia do
sargento que comandava o grupo. Firmes e silenciosos, com suas armas em riste,
entraram no pátio e se aproximaram da casa em seu final. Havia vinte pares de
chinelos rigorosamente organizados ao lado da porta. Os guardas os olharam
surpresos após o sargento apontá-los.
O
sargento bateu à porta, nenhum barulho veio lá de dentro. Bateu novamente,
agora mais forte. Uma mulher atendeu com a porta pouco aberta. “Precisamos
fazer uma busca em sua residência, senhora, pois recebemos uma denúncia!” A
mulher, com cara de desentendida, disse que não havia nada em sua casa. “Então
se não há nada, deixe-nos passar para averiguar”.
Ainda
da porta, o sargento avistou sob uma cama dois pés que reluziam no brilho do
chão vermelho. E ali estava o primeiro bandido a receber a voz de prisão. Pouco
a pouco foram sendo encontrados os donos dos chinelos. Mas e as armas ?
Atrás
da casa havia um pequeno quintal de chão batido. O sargento se dirigiu aos
fundos apenas sob a luz de sua lanterna, e, prontamente, viu um pedaço com
terra mexida. Ordenou que o soldado Pires achasse uma pá para abrir o buraco.
“Chefe,
achamos 19 donos dos chinelos, ainda falta um!”, que continuem procurando, foi
a ordem. Uma casa com duas divisões não esconde uma pessoa por muito tempo.
Enquanto isso, Pires abriu o buraco e lá estavam vários revólveres 22, 38...
algumas pistolas e uma metralhadora. “Ainda tem mais coisas aqui!” O radar
investigativo do comandante do grupo estava atiçado. “Revistem todos os
móveis!”
O
cabo Silva revistou o quarto, sob o colchão encontrou uma mala, dentro da mala,
encontrou muitas drogas prontas para serem distribuídas. O soldado Meireles foi
revistar o forno, sentiu algo estranho, olhou para o lado e notou algo
diferente na bilha de gás, sim! Lá estava, sob a capa, tentando imitar o
formato de botija, o vigésimo dono do chinelo.
Enquanto
a casa era revistada e os donos dos chinelos presos, o comandante do grupo
chamou então o seu superior.
Enquanto
já o capitão verificava o trabalho dos soldados e sargento, o soldado Pires
veio lá de dentro alucinado de tanta adrenalina “Chefe, achei as drogas!” Tinha
mais um buraco que fora feito sob a máquina de lavar. Centenas de porções bem
identificadas por tipo , preenchiam o buraco.
O
capitão chegou logo ao local. Seus olhos brilhavam como diamantes em direção ao
seu sargento. “Essa foi a operação do ano, sargento!”. Em seguida, mais
viaturas chegaram ao local para ajudar no transporte dos vinte donos de
chinelos, da mulher, das suas armas e das suas drogas.
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