terça-feira, 1 de julho de 2025

 CRÓNICA POLICIAL

À Margem ...

São muitas as histórias de roubos, assassinatos e outros crimes ocorridos nas aparentemente pacíficas planícies alentejanas. Na Herdade da Torre, perto de Santa Catarina (Alcácer do Sal), aconteceu a também localmente famosa história do “corta cabeças”. Tudo começou com dois malteses – das ranchadas que, sazonalmente, vinham de outros pontos do País para trabalhar no arroz e apanhar azeitona. 

Um guardou o dinheiro da semana debaixo da cabeça, enquanto se deitou para descansar. O outro, invejoso ou mais necessitado ainda, deu uma forte pancada na cabeça do companheiro matando-o. Não contente com isso, talvez em pânico com o que acabara de fazer ou na tentativa de ocultar a identidade do morto, pegou numa foice e cortou-lhe a cabeça, que cozeu, para não cheirar mal, e enterrou. Depois foi à sua vida

O caso assustou as gentes que labutavam nos campos, que receavam ser a próxima vítima do “corta cabeças”, assim apelidaram o assassino que ainda não sabiam quer era.

Juntando as pistas disponíveis, as autoridades lá acabaram por chegar ao principal suspeito, que “foi apanhado já perto de Montemor-o-Novo”, mas se revelaria um osso duro de roer, não contando onde é que enterrara a cabeça do malogrado outrora seu companheiro de labuta. “Ele parecia que brincava com as autoridades. Dizia que estava ali, mas depois não estava e dizia que afinal era noutro local, mas também não. E assim se passou o tempo, até que a cabeça foi encontrada dentro de um silvado”.

Foi um grande falatório, tanto mais que as autoridades fizeram uma encenação do crime, algo que muito intrigou e até divertiu quem assistiu.

Já na Maceira, a poucos quilómetros de Alcácer do Sal, na estrada que liga a cidade ao Torrão, existia um denominado Pinheiro do Jogo dos ladrões. Conta-se que era debaixo desta árvore imponente que os ladrões jogavam às cartas e dividiam os saques e, no geral, os dinheiros e outros bens de que se tinham apoderado. Em Alcácer, não muito longe da Igreja de Santiago, quando ainda não havia avenida José Saramago e a estrada nacional serpenteava por dentro da então vila, existia uma loja de hortícolas de um tal Manuel Parreira e seu pai, que eram conhecidos por dar guarida aos ladrões, tendo, a dada altura, até sido presos por isso mesmo.

by ; Cristiana Vargas

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