À Margem ...
São muitas as histórias de roubos, assassinatos e outros crimes ocorridos nas aparentemente pacíficas planícies alentejanas. Na Herdade da Torre, perto de Santa Catarina (Alcácer do Sal), aconteceu a também localmente famosa história do “corta cabeças”. Tudo começou com dois malteses – das ranchadas que, sazonalmente, vinham de outros pontos do País para trabalhar no arroz e apanhar azeitona.
Um guardou o dinheiro da semana debaixo da cabeça, enquanto se deitou para descansar. O outro, invejoso ou mais necessitado ainda, deu uma forte pancada na cabeça do companheiro matando-o. Não contente com isso, talvez em pânico com o que acabara de fazer ou na tentativa de ocultar a identidade do morto, pegou numa foice e cortou-lhe a cabeça, que cozeu, para não cheirar mal, e enterrou. Depois foi à sua vida
O caso
assustou as gentes que labutavam nos campos, que receavam ser a próxima vítima
do “corta cabeças”, assim apelidaram o assassino que ainda não sabiam quer era.
Juntando
as pistas disponíveis, as autoridades lá acabaram por chegar ao principal
suspeito, que “foi apanhado já perto de Montemor-o-Novo”, mas se revelaria um
osso duro de roer, não contando onde é que enterrara a cabeça do malogrado
outrora seu companheiro de labuta. “Ele parecia que brincava com as
autoridades. Dizia que estava ali, mas depois não estava e dizia que afinal era
noutro local, mas também não. E assim se passou o tempo, até que a cabeça foi
encontrada dentro de um silvado”.
Foi um grande falatório, tanto mais que as autoridades fizeram uma encenação do crime, algo que muito intrigou e até divertiu quem assistiu.
Já na
Maceira, a poucos quilómetros de Alcácer do Sal, na estrada que liga a cidade
ao Torrão, existia um denominado Pinheiro do Jogo dos ladrões. Conta-se
que era debaixo desta árvore imponente que os ladrões jogavam às cartas e
dividiam os saques e, no geral, os dinheiros e outros bens de que se tinham
apoderado. Em Alcácer, não muito longe da Igreja de Santiago, quando ainda não
havia avenida José Saramago e a estrada nacional serpenteava por dentro da
então vila, existia uma loja de hortícolas de um tal Manuel Parreira e seu pai,
que eram conhecidos por dar guarida aos ladrões, tendo, a dada altura, até sido
presos por isso mesmo.
by ; Cristiana Vargas
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