O segurança daquela tarde de uma Quinta-Feira do acalorado mês de Agosto no Hospital Municipal da Atalaia, estava tranquilo, permitindo aos profissionais de saúde zelar dos seus pacientes com todo o cuidado .
Ninguém no Hospital
sabia ainda era que naquele exacto momento, no outro lado da vila decorria uma manifestação
junto ao Mercado Municipal , protestando pelo encerramento deste ao Fim de
Semana . Um absurdo .
Para um leigo que
chegasse ao local da manifestação ficaria até difícil entender a desproporcionalidade
dos armamentos utilizados para embates deste género .
Acrescente-se ao facto
dos uniformes azuis-escuros, grossos e sobrepostos por coletes de protecção,
tudo isso sob torturante sol, que em muitos dias supera a casa dos 38 graus
centígrados, e ainda carregando um escudo e uma arma que chega a pesar seis
quilos e medir quase um metro.
Do outro lado, os
manifestantes que nasceram e cresceram
na comunidade , que devia servi-los e por isso por ela se manifestavam .
Sem saber-se de onde veio,
apareceu um corpulento cão que partiu de
imediato , ladrando , em direcção à força
policial , que num desespero total ,
pelo inesperado possivelmente, fizeram fogo, não se dando conta que uma criança
corria atrás do animal, os disparos acabaram por matar o cão e feriram
gravemente sua perseguidora, uma menina de quatro anos de idade .
Encoberto por um
arbusto, uma árvore não conseguiu assistir a tudo e não reagir, disparou uma
sequência de tiros certeiros nos policiais. Esses disparos foram o suficiente
para accionaram o início de uma verdadeira batalha que se estendeu até o início da noite,
com baixas mais numerosas entre o grupo policial, algo até então imprevisível .
Momentos passados , três
viaturas da polícia chegaram e se posicionaram próxima no local dos confrontos,
onde dois policias sobrepuseram o corpo dos policias feridos no banco traseiro
de uma das viaturas, e já iam partir sem levar a menina. Sua mãe levada em
lágrimas ao desespero implorava para que transportassem também a pequena vítima
para o hospital.
Conseguiu o intuito, e
foi sentada naquele compartimento reservado aos presos. No local da barriga
onde o projéctil entrou Maria Deolinda, a mãe da criança, improvisou uma espécie
de tampão com a blusa da menina, esperando que a pequena chegasse ainda com
vida ao hospital.
Na entrada da
emergência, rapidamente duas macas apareceram para levar os dois policias
feridos. Teriam esquecido da filha de Maria Deolinda novamente, não fossem seus
berros, e batidas fortes no interior da viatura.
Quando abriram a porta
do compartimento. Ela foi logo exigindo atendimento prioritário para a menina,
já que os dois policias, na realidade tinham assassinado o Bolinhas o cachorro
da família e ainda acertaram na pequena Alice.
Mais uma vez veio à
tona a versão da bala perdida, quando na realidade todo mundo sabe onde o projéctil
vai parar.
Sensibilizados, os médicos
que atendiam aos policias, interromperam tudo , quando souberam dos factos e se
dedicaram a tentar manter viva a pequena vítima.
Passados alguns dias, os
jornais informaram o nome dos policias entre as baixas do confronto junto ao
Mercado Municipal, e mesmo assim receberam honras militares, com salvas de
tiros durante a cerimónia de enterro.
A menina ferida passou por duas cirurgias e ainda assim se encontra internada em recuperação no Hospital Municipal da Atalaia .
Muito bom, mas coitadinha da menina👧
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