sábado, 24 de maio de 2025

 

A vida acordava aos poucos. O sino da Igreja batia a segunda chamada da missa das seis horas. As beatas eram as primeiras a chegar, diariamente.
Os camponeses chegavam para feira.
A vila se coloria.
Em tempos de campanha política até os candidatos estavam cedo nas ruas, em busca dos votos também daqueles que vinham dos distritos para as compras. Seria acérrima a disputa, o presidente tinha gasto os seus trunfos, e muito tinha feito pelo povo pobre dali e o outro candidato tinha a lei na mão: os grandes fazendeiros.
 
O sol se elevava no horizonte indiferente a algazarra da feira, sem escutar a reza, sem enxergar ou participar dos discursos.
Indiferente, Armandinho dedilhava a sua guitarra, apreciando da varanda o movimento.
Aguardava.
Quando a rua ao meio dia, estivesse praticamente deserta, a ocasião seria propícia.
O barulho forte e prolongado atemorizou as beatas, interrompeu o aconchego dos políticos, tremeram os comerciantes.
Os poucos guardas surgiram na porta da esquadra, assombrados...
Mas as paredes do banco estavam já destruídas.

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