Problemística Policiária – III
Texto de A.Varatojo publicado no ABC
Policial n .º 2
A.Varatojo
Há várias espécies de
problemas tipos que podemos classificar entre as seguintes categorias :
eliminatórias , contradição , técnico , trajectórias , LIMITAÇÃO HORÁRIA ,
ENIGMA, observação e imaginativo .
Vejamos cada um destes tipos principais, isoladamente, continuando hoje pelas
quinta e sexta categorias :
LIMITAÇÃO HORÁRIA
« Onde se
encontrava o senhor na hora do crime ?»
mal do suspeito que não possui aceitável resposta para tão simples pergunta com
que é flagelado pelo investigador .
A mentira ou o falso alibi dá-lhe uma sensação de segurança provisória que a
inteligência do inquiridos ou a mão do Destino se encarregam de desvanecer no
mais ténue fumo de esperança que se escoa volátil duma consciência culpada .
A limitação horária dum ciclo de suspeitos no problema policial, tal como na
vida prática, levam a inexorável espada da Justiça a apontar o verdadeiro
culpado .
Contrariamente no caso prático, é de mais uso conhecer-se o problema a hora a
que os vários suspeitos estiveram no local do crime e focar o mistério na
descoberta da hora em que ele foi cometido .
O ponto de encontro das duas linhas dá-nos o irremissível culpado.
Este género é bastante usado, até incluído ás vezes no tipo de OBSERVAÇÃO,
quando a imagem fotográfica é um documento seguro da hora do crime .
Tal como todos os outros constitui um
poderoso e revigorante exercício do intelecto sem o qual o homem não passaria
dum simples mamífero, com o corpo coberto de pelos, vivendo para matar e
matando para viver, sem a noção do crime e do castigo da culpa .
ENIGMA
Os Edipistas encontram neste género um singular recreio espiritual .
Fundamenta-se a sua resolução em encontrar a chave da charada cuja primeira
premissa está normalmente presa nos últimos suspiros da «vítima».
O assassinado tenta lançar a investigação na pista do assassino e deixa
qualquer pequeno indício que possa identifica-lo.
É vulgar tratar-se de determinada página de livro onde por sua vez encontramos
versos, um dos quais nos transporta a certo tema, cuja resolução com o
criminoso é notória, etc.,etc.
A associação de ideias desempenha aqui o papel de principal instrumento
obreiro.
O assassinado deixa a pista por havê-la associado ao nome do criminoso,
julgando por essa razão que ela irá constituir uma visível seta indicando o
caminho à Justiça nas encruzilhadas da dúvida.
Essa conexão estreita que se dá no espírito da vítima pode porém não ser bem a
mesma da que se opera no cérebro do investigador, porque, como disse Stuart
Mill, «apenas quando duas ideias foram pensadas uma ou muitas vezes em conjunto
uma com a outra, o espírito adquire tendência para pensá-las associadas».
O laço associativo é apenas um dos aspectos da unidade sintética elementar de
consciência, e por isso difere consoante aquela de quem o observa.
Nestes casos, bem necessária é a utilização dos métodos do psicólogo Padre
Brown de Chesterton, aqui, ao invés de entrar para dentro do criminoso e sentir
como ele, precisa identificar-se com o morto para saber o que ele pretendia
indicar .
( cont… )
by : Blogue - Detective da
História
( Publicação de 6 Janeiro 2019 )
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