terça-feira, 12 de novembro de 2024

 Problemística Policiária – III

Texto de  A.Varatojo publicado no ABC Policial n .º 2

A.Varatojo

Há várias espécies de problemas tipos que podemos classificar entre as seguintes categorias : eliminatórias , contradição , técnico , trajectórias , LIMITAÇÃO HORÁRIA , ENIGMA, observação e imaginativo .
Vejamos cada um destes tipos principais, isoladamente, continuando hoje pelas quinta e sexta categorias :

LIMITAÇÃO HORÁRIA

« Onde se encontrava o senhor na hora do crime ?»
mal do suspeito que não possui aceitável resposta para tão simples pergunta com que é flagelado pelo investigador .
A mentira ou o falso alibi dá-lhe uma sensação de segurança provisória que a inteligência do inquiridos ou a mão do Destino se encarregam de desvanecer no mais ténue fumo de esperança que se escoa volátil duma consciência culpada .
A limitação horária dum ciclo de suspeitos no problema policial, tal como na vida prática, levam a inexorável espada da Justiça a apontar o verdadeiro culpado .
Contrariamente no caso prático, é de mais uso conhecer-se o problema a hora a que os vários suspeitos estiveram no local do crime e focar o mistério na descoberta da hora em que ele foi cometido .
O ponto de encontro das duas linhas dá-nos o irremissível culpado.
Este género é bastante usado, até incluído ás vezes no tipo de OBSERVAÇÃO, quando a imagem fotográfica é um documento seguro da hora do crime .
Tal como todos os outros constitui  um poderoso e revigorante exercício do intelecto sem o qual o homem não passaria dum simples mamífero, com o corpo coberto de pelos, vivendo para matar e matando para viver, sem a noção do crime e do castigo da culpa .

ENIGMA

Os Edipistas encontram neste género um singular recreio espiritual .
Fundamenta-se a sua resolução em encontrar a chave da charada cuja primeira premissa está normalmente presa nos últimos suspiros da «vítima».
O assassinado tenta lançar a investigação na pista do assassino e deixa qualquer pequeno indício que possa identifica-lo.
É vulgar tratar-se de determinada página de livro onde por sua vez encontramos versos, um dos quais nos transporta a certo tema, cuja resolução com o criminoso é notória, etc.,etc.
A associação de ideias desempenha aqui o papel de principal instrumento obreiro.
O assassinado deixa a pista por havê-la associado ao nome do criminoso, julgando por essa razão que ela irá constituir uma visível seta indicando o caminho à Justiça nas encruzilhadas da dúvida.
Essa conexão estreita que se dá no espírito da vítima pode porém não ser bem a mesma da que se opera no cérebro do investigador, porque, como disse Stuart Mill, «apenas quando duas ideias foram pensadas uma ou muitas vezes em conjunto uma com a outra, o espírito adquire tendência para pensá-las associadas».
O laço associativo é apenas um dos aspectos da unidade sintética elementar de consciência, e por isso difere consoante aquela de quem o observa.
Nestes casos, bem necessária é a utilização dos métodos do psicólogo Padre Brown de Chesterton, aqui, ao invés de entrar para dentro do criminoso e sentir como ele, precisa identificar-se com o morto para saber o que ele pretendia indicar .

( cont… )

by : Blogue - Detective da História

( Publicação de 6 Janeiro 2019 )

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