domingo, 10 de novembro de 2024

 Problemística Policiária – I

Texto de  A.Varatojo publicado no ABC Policial n .º 2

A.Varatojo

Há várias espécies de problemas tipos que podemos classificar entre as seguintes categorias : ELIMINATÓRIAS , CONTRADIÇÃO , técnico , trajectórias , limitação horária , enigma , observação e imaginativo .
Vejamos cada um destes tipos principais, isoladamente, começando hoje pelas duas primeiras categorias :

ELIMINATÓRIAS

A sua apresentação é feita normalmente por alíneas. Trata-se de um tipo de dedução imediata, de silogismos encadeados que levam o decifrador à solução exacta e única , sem subterfúgios ou admissível dualidade .
O raciocínio é feito por inferências, ou seja, tirando uma preposição de uma ou muitas, nas quais está implicitamente contida .
As sucessivas exclusões a que o «leitor-detective» é forçado delimitam os suspeitos, apertando-os em malhas de rede fina, ao mesmo tempo que afunilam o túnel da culpabilidade .
Fica valorizado quando as premissas não são expostas sob a forma geométrica mas sim antes subtilmente insertas em declarações de suspeitos ou salpicando narrativas dispersas em cada dado .

CONTRADIÇÃO

A contradição  tem levado à alçada da justiça inúmeros delinquentes que se reputam a si próprios de inteligentes e cautelosos .
O problema policial explora este vastíssimo campo de dois modos diferentes : ou o criminoso se contradiz fazendo afirmações contrárias que o coloca m sob suspeita, ou prestou declarações de alibi que o incriminam pela impossibilidade da sua justaposição à realidade dos factos .
A atenção do decifrador é posta à prova, quando consegue reter os dados anteriores que contradizem a afirmação posterior .
Por isso o problema redigido torna-se de mais fácil resolução que o programa radiofónico .
É necessário que o «investigador-ouvinte» tenha extraordinárias qualidades de selecção para que foque e centralize no campo da sua consciência apenas os pormenores essenciais à resolução do caso .
A falta duma recapitulação dificulta-o sobremaneira, contrariamente ao que sucede no problema escrito, em que dela dispões com facilidade .
O falseamento da verdade nas declarações dos suspeitos leva à sua indigitação como culpados .
Por isso Aristóteles afirmava – dizer « que é, o que é » ,e « que não é, o que não é ».
O criminoso experimentado procura tornar as suas mentiras o mais pequenas possível, e aproximá-las da verdade, pois quanto maior é a distância a que se situa da linha recta da autenticidade, mais clara pode tornar a sua culpa perante o investigador .
O valor do problema policial deste tipo consiste em tornar a contradição o mais dissimulada possível para dificultar a resolução do «caso», cerceando-a dá argumentos e dados que possam «camuflá-la» habilmente .

( cont... )

by : Blogue - Detective da História

( Publicação de 6 Janeiro 2019 )

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