Problemística Policiária – I
Texto de A.Varatojo publicado no ABC
Policial n .º 2
A.Varatojo
Há várias espécies de
problemas tipos que podemos classificar entre as seguintes categorias : ELIMINATÓRIAS
, CONTRADIÇÃO , técnico , trajectórias , limitação horária , enigma , observação e imaginativo .
Vejamos cada um destes tipos principais, isoladamente, começando hoje pelas
duas primeiras categorias :
ELIMINATÓRIAS
A sua apresentação é
feita normalmente por alíneas. Trata-se de um tipo de dedução imediata, de
silogismos encadeados que levam o decifrador à solução exacta e única , sem
subterfúgios ou admissível dualidade .
O raciocínio é feito por inferências, ou seja, tirando uma preposição de uma ou
muitas, nas quais está implicitamente contida .
As sucessivas exclusões a que o «leitor-detective» é forçado delimitam os suspeitos,
apertando-os em malhas de rede fina, ao mesmo tempo que afunilam o túnel da
culpabilidade .
Fica valorizado quando as premissas não são expostas sob a forma geométrica mas
sim antes subtilmente insertas em declarações de suspeitos ou salpicando narrativas
dispersas em cada dado .
CONTRADIÇÃO
A
contradição tem levado à alçada da
justiça inúmeros delinquentes que se reputam a si próprios de inteligentes e
cautelosos .
O problema policial explora este vastíssimo campo de dois modos diferentes : ou
o criminoso se contradiz fazendo afirmações contrárias que o coloca m sob
suspeita, ou prestou declarações de alibi que o incriminam pela impossibilidade
da sua justaposição à realidade dos factos .
A atenção do decifrador é posta à prova, quando consegue reter os dados
anteriores que contradizem a afirmação posterior .
Por isso o problema redigido torna-se de mais fácil resolução que o programa
radiofónico .
É necessário que o «investigador-ouvinte» tenha extraordinárias qualidades de
selecção para que foque e centralize no campo da sua consciência apenas os
pormenores essenciais à resolução do caso .
A falta duma recapitulação dificulta-o sobremaneira, contrariamente ao que
sucede no problema escrito, em que dela dispões com facilidade .
O falseamento da verdade nas declarações dos suspeitos leva à sua indigitação
como culpados .
Por isso Aristóteles afirmava – dizer « que é, o que é » ,e « que não é, o que
não é ».
O criminoso experimentado procura tornar as suas mentiras o mais pequenas
possível, e aproximá-las da verdade, pois quanto maior é a distância a que se
situa da linha recta da autenticidade, mais clara pode tornar a sua culpa
perante o investigador .
O valor do problema policial deste tipo consiste em tornar a contradição o mais
dissimulada possível para dificultar a resolução do «caso», cerceando-a dá
argumentos e dados que possam «camuflá-la» habilmente .
( cont... )
by : Blogue - Detective da
História
( Publicação de 6 Janeiro 2019 )
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