domingo, 24 de novembro de 2024

 Diagnóstico médico-legal entre suicídio, homicídio e acidente por armas de fogo …

IV - Informação das circunstâncias da morte

O conhecimento detalhado das circunstâncias da morte, por si só, permite considerar uma hipótese de diagnóstico como a mais provável. Dados como o local onde a morte ocorreu, a existência de carta ou bilhete de despedida, o relato por familiares e pessoas próximas da  vítima, de verbalização da ideação suicida ou de comportamentos de isolamento recente, antecedentes médicos e psiquiátricos de depressão ou tentativas anteriores de suicídio - como por exemplo a ingestão de substâncias medicamentosas (habitual ou na altura da morte)- podem ser indicadores fortes para o diagnóstico de suicídio. A probabilidade de se tratar de um suicídio está ainda aumentada quando a vítima apresenta antecedentes psiquiátricos de relevo, principalmente de etiologia depressiva, doenças graves/terminais que condicionem sofrimento físico e psicológico vindouro, e ainda situações como perda de um parente próximo e problemas de dívidas. O exame toxicológico realizado ao sangue destas vítimas revela muitas vezes substâncias tóxicas em doses elevadas, uma vez que podem servir como diminuidores da ansiedade e alterarem a percepção da vítima relativamente ao acto que quer cometer. O local onde a vítima é encontrada pode também servir como pista, uma vez que, na maioria dos suicídios por arma de fogo, a vítima tem tendência a isolar-se. Habitualmente escolhe o domicílio quando este não tem ninguém, ou um local que lhe é familiar. Perante um cenário de morte por arma de fogo na via pública, ou em situações em que a vítima, segundo o relato de terceiros, estava a ser previamente ameaçada ou envolvida em conflitos de índole pessoal ou financeira, entre outros, é importante levantar a suspeita de homicídio como diagnóstico de alta probabilidade. Relativamente aos acidentes, os que envolvem terceiros ocorrem muitas vezes em ambientes de caça ou situações de tiroteio que não visavam directamente a vítima, ou ainda situações que envolvem crianças ou até mesmo adultos, decorrentes de actividades lúdicas em grupo, ou de violência em meio familiar.

by : Revista - Arquivos de Medicina ( 2010 )

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